Como Funciona o Parto pelo SUS?

Tudo que Você Precisa Saber Sobre Pré-natal e Parto no Sistema Único de Saúde

Descobriu que está grávida ou está planejando ter um bebê em breve e quer entender como funciona o parto pelo SUS? Vamos explicar tudo de maneira simples e prática.

Primeiros Passos no Pré-natal

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Foto por Freepik

O ponto de partida é a UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima de sua casa. Leve seus documentos de identificação, cartão do SUS e um comprovante de residência. Se você ainda não estiver cadastrada, isso será feito lá.

“Qualquer mulher com suspeita de gravidez passa pelo acolhimento e realiza um teste; se o resultado for positivo, o pré-natal começa, e é aberto o SISPRENATAL, um registro que acompanhará a gestante até o pós-parto”, explica Edgar Britto, ginecologista e assessor técnico da Saúde da Mulher da Coordenadoria Regional de Saúde Sul da Prefeitura de São Paulo.

Na primeira consulta, são feitos três testes rápidos (HIV, hepatite C e sífilis) e coleta de material para vários exames. Também é realizada uma anamnese completa para identificar possíveis fatores de risco. “Se a mulher tem hipertensão crônica, por exemplo, deverá receber ácido acetilsalicílico, além de sulfato ferroso, cálcio e ácido fólico, que todas recebem”, detalha Britto.

A Importância do Pré-natal

O pré-natal envolve várias consultas e exames durante a gravidez para acompanhar a saúde da mãe e do bebê. Esse acompanhamento deve ser mensal até a 28ª semana, quinzenal até a 36ª e, depois, semanal até o parto. O objetivo é garantir a saúde de ambos.

Segundo Britto, em todas as consultas deve-se reavaliar os fatores de risco. Quando são identificadas condições que exigem cuidados especializados, as pacientes são encaminhadas para polos com ginecologistas que tratam casos de alto risco. “Todas as UBSs de São Paulo têm um polo de referência e o acompanhamento continua de forma compartilhada com a unidade de origem, mantendo o vínculo e o cuidado com a gestante”, destaca Britto.

Caderneta da Gestante

Na primeira consulta, a mulher recebe a Caderneta da Gestante, um documento elaborado pelo Ministério da Saúde que acompanha todo o pré-natal. Ela inclui dados pessoais, resultados de exames, vacinas, entre outras informações importantes.


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Maternidade de Referência

A UBS designa antecipadamente a maternidade de referência onde a gestante dará à luz. Em casos de urgência, um hospital será determinado. Visitas à instituição podem ser feitas, mas a troca é limitada, geralmente ocorrendo em situações de exceção, como gestações de alto risco.

“Quando a gestante recebe sua caderneta na primeira consulta, deve ser orientada sobre qual será a maternidade de referência para o parto. Caso haja comorbidades e ela seja encaminhada para o pré-natal de alto risco, a referência pode mudar”, esclarece Britto.

Parto Humanizado e Direitos da Gestante

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Foto por Freepik

Independente da maternidade, a mulher tem o direito de ter um acompanhante durante todo o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato (Lei Federal nº 11.108). Práticas de humanização como analgesia não farmacológica, banho, exercício em bola, deambulação, massagem e escolha da posição do parto são incentivadas.

A via de parto também deve ser respeitada, desde que não haja riscos para mãe e bebê. Britto reforça a importância de informar as parturientes sobre os benefícios do parto vaginal. “É incentivada a construção do plano de parto durante os nove meses de gestação”, destaca.

Após o nascimento, é recomendado o contato pele a pele entre mãe e bebê antes do clampeamento do cordão umbilical, até o final da primeira hora, quando o neonatologista realiza o exame físico completo do bebê. A consulta de puerpério é garantida entre o 7º e o 10º dia após o nascimento.

Casas de Parto Humanizado

O SUS também possui centros de parto humanizado, como a Casa Angela, na zona sul de São Paulo, que atende gestantes de baixo risco. Desde 2015, a Casa Angela oferece atendimento à gestação, parto e pós-parto seguindo as premissas da humanização.

“O modelo humanizado prevê intervenções apenas quando necessárias e com o consentimento da parturiente, respeitando autonomia, crenças e vontades”, explica Ioná Araújo de Souza, enfermeira obstetra da Casa Angela.

Para ser atendida na Casa Angela, a gestante pode fazer contato diretamente ou ser encaminhada por uma UBS. O acompanhamento começa na 28ª semana de gravidez. O atendimento inicial é uma teleconsulta para triagem de riscos que demandam atendimento hospitalar. Há também um acolhimento semanal para explicação e cadastro no pré-natal.

Se houver necessidade de atendimento hospitalar, o Hospital Municipal do Campo Limpo é o principal destino, com uma ambulância disponível 24 horas para transferências. Após o parto, há uma internação mínima de 24 horas, com assistência completa para a mãe e o recém-nascido, incluindo testes, vacinação e orientação para a amamentação.

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